Valdemar Ferreira Ribeiro
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INTRODUÇAO AO SABER HISTÓRICO E AO SABER CIENTÍFICO

O tempo é uma dimensão da critica logo, se algumas ideias aqui analisadas estivessem defazadas, elas, per si, são importantes para , exatamente, legitimar o novo que se impõe pela lógica cientifica.

Estas reflexões permitem um auto conhecimento vivo e germinativo, interior e consequentemente exterior ao individuo, sem tempo nem espaço, de acordo com a teoria da relatividade do cientista maior Einstein.

A escolha dos temas, neste encontro, segue uma lógica que permite um sequenciar no desenvolvimento do pensamento e no aprofundamento dos mesmos.

CONCEITO DE HISTÓRIA E CONCEITO DE CIÊNCIA

A percepção da História, por definição, é o conhecimento do singular, do individual, do que não se repete no tempo nem no espaço, do que se conceitua como único, portanto não é previsível.

O pensamento cientifico é o conhecimento do geral, do universal, conhecimento este centrado na predizibilidade de eventos e na formulação de leis, numa lógica universal.

A ciência busca realidades, factos, e cada individuo aprofunda em si essa realidade ou não.

Na verdade cientifica, a realidade nasce de dentro para fora e não de fora para dentro.

A vida é uma permanente busca do desconhecido e a tecnologia, que é um raciocínio mais apurado e aprofundado, permite essa busca.

Note-se que tudo o que o humano descobre através da ciência, da lógica universal, já existe anteriormente ao humano.

O humano não é o autor da vida, apenas se utiliza da lógica de um pensamento cientifico para vislumbrar, entender, a realidade universal da vida por detrás do pensamento.

O ser humano apenas vislumbra o que a natureza constrói, haja ou não haja ser humano.

Concluindo, um raciocínio mais apurado não é sinônimo de uma inteligência mais profunda, não é sinônimo de um viver mais equilibrado, porém pode ajudar o ser humano na sua busca incessante pelo desconhecido e essa busca é uma opção individual, não torna o individuo superior ou inferior ao outro.

É importante esclarecer que nenhum saber pode ser completo pois viver é um aprender infinito, em cada instante.

Todo o saber é conceitual e além disso a maior parte do universo circundante, próximo ou longínquo, é invisível ao olhar humano.

Galileu Galilei, foi um dos principais responsáveis pelo nascimento do raciocínio cientifico, ao perceber que a compreensão profunda do universo só poderia ser possível através da observação do mundo real ao redor, próximo ou longínquo.

Qualquer outro raciocínio é histórico e apenas conceitual.

Depois de quatro bilhões de anos de historia da Terra, temos a sorte de estar vivos hoje, aqui.

Em cinco bilhões de espécies, tivemos a sorte de nascer um ser humano com potencial de consciência.

A chave do desenvolvimento mental, inteligência, é a informação, e a partir dessa informação constrói-se um raciocínio científico novo a cada instante, através dos conceitos e através do captar do que está por detrás dos conceitos, por detrás das palavras.

Essa informação, raciocínio, é gravada na memória física mental mas é uma informação conceitual , não é a realidade dos factos.

A realidade cientifica, a realidade profunda, precisa de ser olhada a acada instante para ser apreendida.

Quando alguém diz, conceitualmente, que conhece o pôr-do-sol que nasce a cada dia, na realidade ele supõe saber, não vislumbra a realidade que é cada novo pôr-do-sol.

No livro “SONHOS DE EINSTEIN” de autoria de Alan Lightman, diz-se que se não houver memória, cada noite é a primeira noite, cada manhã é a primeira manhã, cada pôr-de-sol é o primeiro pôr-de-sol.

Um mundo sem memória, é o mundo do presente.

O passado existe apenas nos livros, nos documentos, nos sentimentos a que podemos denominar de saudade ou nos sentimentos menos prazeirosos.

Cada pessoa carrega seu livro da vida que contém a história de sua vida.

Sem seu livro de vida, cada pessoa é apenas um presente, uma foto de si sem palavras, uma imagem bi ou tridimensional.

Com o passar dos dias, o livro de cada pessoa fica tão espesso que não pode ser mais lido inteiramente.

A GRANDE AVENTURA – O PENSAMENTO CIENTIFICO

O desenvolvimento das ciências modernas e suas aplicações, constituem para a humanidade uma grande aventura e é uma aventura que não permite medir hoje os futuros progressos nem as consequências finais.

O esforço da ciência , por um lado, tende a aumentar o conhecimento dos fenómenos naturais mas, por outro lado, também há a possibilidade de causar situações menos interessantes ou mais perigosas ou menos prazeirosas.

Basta olhar a bomba atómica e suas consequências, ontem e hoje.

O conhecimento cientifico comporta perigos pois gera um poder que pode ser usado para o “bem” e para o “mal”.

Mas não há como parar o desenvolvimento cientifico pois o risco é a condição do êxito e “a ciência progride por adaptação do espirito à realidade e exige a criação de noções sempre novas” ( P. Langevin).

“Só na obra da ciência é possível amar o que se destrói, continuar o passado negando-o, venerar seu mestre contradizendo-o” (G. Bachelard).

Não há numa floresta duas folhas iguais mas logo que a observação se torna atenta e reflectida, apercebe-se que há elementos fixos que se apresentam de uma maneira semelhante pois a variedade não exclui certas analogias.

O pensamento inteligente, cientifico, obriga a atender aos elementos permanentes ou estáveis e aos elementos impermanentes ou novos.

O conhecimento reflectido, exige uma multitude de observações diversas e sempre novas.

O carácter do conhecimento cientifico é a objectividade no sentido de que a ciência intenta afastar do seu domínio todos os elementos afectivos e subjectivos, deseja ser independente dos gostos e das tendências pessoais do sujeito que a elabora ou seja o conhecimento cientifico deve ser um conhecimento válido para todos.

A evolução da recente ciência, e especialmente da física, mostrou a impossibilidade de separar adequadamente o objecto do sujeito e de eliminar completamente o observador.

Este reconhecimento é essencial na teoria da relatividade e na nova física quântica, torna o carácter da objectividade mais complexo.

A penetração e a profundidade são formas especiais do vigor do pensamento e são qualidades morais.

O espirito superficial é muito indulgente para consigo mesmo pois contenta-se com pouco para si mesmo e para os outros ao seu redor pois aceita o que baste para conseguir o efeito.

Este espirito carece de penetração ou de profundidade e dá por finda a investigação logo que as ideias encontradas forneçam assunto para uma página bem escrita e propende a considerar essas qualidades encontradas na primeira esquina como critério do valor das ideias.

Ocorre em erro lógico porque o valor das ideias científicas só pode ser avaliado de harmonia com as regras do verdadeiro ou falso.

Sem a subtileza do pensar profundo, não existe a força, porque toda a grosseria é fraqueza e impotência e quanto mais delicado o instrumento para uma operação cirúrgica, mais firme deve ser a mão que o segura.

Deste modo, a inteligência, desde que se considere somente a sua função lógica, exige sempre nas suas mais diversas operações, a mesma qualidade moral de probidade escrupulosa e minuciosa, isto é, de precisão.

O ato essencial da inteligência, o discernimento, não se contenta com o pouco ou com o mais ou menos.

E esta qualidade moral é propriamente o que se denomina de espirito cientifico.

Torna-se verdade no filho, aquilo que no pai era mentira (F. Nietzsche).
Valdemar Ribeiro e outros
Enviado por Valdemar Ribeiro em 18/08/2018
Alterado em 09/10/2018